'Guerra' aos juros ameaça consumo, bancos planejam acabar com os parcelamentos "sem juros" ou cobrar uma taxa extra dos lojistas.

27/09/2012 22:31

Bancos planejam acabar com os parcelamentos "sem juros" ou cobrar uma taxa extra dos lojistas.

Por Cristiano Romero, Felipe Marques, Carolina Mandl, Natalia Viri e Marina Falcão | De Brasília

Acendeu a luz amarela na "novela" dos juros dos cartões de crédito. A "guerra" do governo, iniciada para forçar os bancos a baixar as taxas e estimular o consumo, pode ter o efeito inverso. Para reduzir as taxas no crédito rotativo, alguns bancos planejam acabar com os parcelamentos "sem juros" ou cobrar uma taxa extra dos lojistas.

O Valor apurou que o governo não vai permitir que os bancos cobrem essa taxa adicional nem vai aceitar o fim abrupto da prática do parcelamento. Teme-se que essas restrições afetem negativamente o consumo das famílias exatamente no momento em que a economia começa a dar sinais de recuperação. Os técnicos entendem que pode haver desestímulo às compras, principalmente de bens duráveis, passagens aéreas e pacotes turísticos. O estoque de crédito parcelado atinge R$ 90 bilhões, cerca de 70% de todo o financiamento nos cartões.

 

 

A batalha contra a venda parcelada "sem juros" provocou uma divisão entre os dois maiores bancos privados do Brasil. O Itaú Unibanco é o principal defensor da proposta de cobrar a taxa extra. O Bradesco é contra. Os bancos públicos tendem a uma posição mais próxima da do Bradesco. Isso porque o estoque de operações parceladas sem juros nessas instituições é significativamente inferior ao dos bancos privados.

As próprias empresas varejistas já são afetadas pelo corte dos juros nos cartões. As ações de grandes varejistas de capital aberto tiveram forte queda ontem na bolsa de São Paulo (veja gráfico). Analistas do mercado alertaram os investidores para o risco de queda nos lucros das varejistas que oferecem serviços financeiros, porque terão de igualar suas taxas às oferecidas agora pelos bancos para não perder espaço.

Algumas lojas, como a Renner, cobravam historicamente juros menores que os dos cartões de bancos. Com a recente redução dos juros no Bradesco e no Itaú, esses bancos passaram a oferecer taxas menores. Para voltarem a ser competitivas, as lojas terão de reduzir seus resultados, o que explica a queda na cotação de suas ações na bolsa.



 

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