O banco Itaú lançou no início de agosto um cartão de crédito com juros de 5,99% ao mês, metade da média cobrada pelo mercado - o Itaucard 2.0. Mas o novo cartão tem uma grande desvantagem ao lado desse benefício: o prazo de incidência dos juros é bem maior.
Portanto, seu uso deve ser diferente dos outros cartões. Hoje, quando o consumidor atrasa o pagamento, ele paga juros a partir da data de vencimento da fatura. Quem tiver o novo cartão vai pagar juros a partir da data de cada compra. Este tipo de cartão já é conhecido no mercado norte-americano.
Veja a seguir as semelhanças e diferenças deste cartão para o tradicional.
Semelhanças
Com ele você também pode pagar compras, acumular pontos e ganhar até 40 dias para pagar a fatura no vencimento.
Você pode optar pelo pagamento mínimo, ou superior, e financiar o restante. Quando liquida 100% da fatura no vencimento, não paga nenhum juro.
Diferenças
A taxa de juros é de 5,99% ao mês, aparentemente muito menor do que a praticada pelos cartões tradicionais, que cobram, em média, 12% ao mês.
Porém o prazo de cobrança dos juros é diferente do dos outros cartões. No cartão tradicional, quando você atrasa o pagamento, paga juros a partir do dia seguinte à data de vencimento da fatura.
No caso do novo cartão, você paga juros a partir da data de cada compra. Assim, a contagem dos dias de uso do limite de crédito é diferente e resulta em um prazo maior.
A segunda diferença se apresenta quando você opta pelo pagamento mínimo e utiliza sua linha de crédito. Neste caso, você não terá o benefício de até 40 dias sem juros sobre as novas compras que fizer. Se você não pagou integralmente a fatura anterior, possivelmente também financiará as próximas compras e a cobrança de juros acontece desde a data da cada nova compra.
A terceira diferença ocorre quanto ao atraso do pagamento. Suponha que você fez uma compra de R$ 1.000 em dez parcelas e atrasa o pagamento da segunda parcela de R$ 100.
Os juros serão cobrados retroativamente desde a data da compra, mesmo sobre as parcelas que ainda não venceram. Segundo cálculos do economista Samy Dana, blogueiro do UOL, nesse esquema, é melhor atrasar mais de 15 dias do que um dia apenas.
Como funciona
Exemplo 1: Suponha que você fez uma compra de R$ 500 no dia 8 de agosto. O vencimento da fatura é no dia 25 de agosto e você optou pelo pagamento da parcela mínima de R$ 75, adiando o pagamento do saldo de R$ 425 para o próximo vencimento, em 25 de setembro.
Perceba que, nesse exemplo, a economia é de R$ 8,57. O cartão tradicional cobrou juros de 12% ao mês, durante 30 dias (de 25 de agosto a 25 de setembro), sobre o valor financiado de R$ 425.
A cobrança foi de dois períodos de juros de 5,99% ao mês: o primeiro, de 15 dias (de 8 de agosto a 25 de agosto), sobre o valor da compra; o segundo, de 30 dias (de 25 de agosto a 25 de setembro), sobre o valor financiado.
Exemplo 2: Suponha o exemplo anterior com uma diferença: você fez uma nova compra de R$ 30 no dia 28 de agosto.
Como o novo cartão cobra juros sobre essa nova compra e o cartão antigo não, a vantagem diminuiu para R$ 6,95, mas ainda existe.
Exemplo 3: Suponha que você atrasou o pagamento da fatura. De acordo com as diversas simulações disponíveis no site do banco, há casos em que o novo cartão cobra mais ou menos juros do que o cartão tradicional, conforme a quantidade de dias de atraso no pagamento.
Curiosamente, o novo cartão é "bonzinho" com quem paga com atraso acima de 15 dias e pune atrasos menores, de até 15 dias.
Moral da história: embora a taxa de juros do cartão novo seja menor, o prazo de cobrança dos juros é maior. Assim, a diferença entre as taxas do cartão novo e do cartão tradicional pode ser menor do que parece, a princípio.
Fonte: Site: www.consumidormoderno.uol.com.br
* Com informações do Idec e do Terra.